Última mensagem da Liahona de Agosto, de Karen Paul.
Cresci numa cidadezinha do Canadá. Quando eu tinha treze anos de idade, meu pai perdeu o emprego e nossa família mudou-se para Edmonton para sobreviver. Alguns meses depois de nossa mudança para a cidade grande, minha mãe e meu pai tiveram uma briga violenta que resultou numa hospitalização de seis meses para minha mãe. Depois de algum tempo, ela permitiu o retorno de meu pai a nossa casa. Isso me deixou arrasada, e refugiei-me nas bebidas alcoólicas e nas drogas para tentar esquecer a raiva que me corroía por dentro. Foi exatamente nessa época que encontrei os
missionários. Ao conhecer algumas famílias da ala, fiquei impressionada com o respeito que os cônjuges tinham um pelo outro e o afeto que os pais mostravam
aos filhos. Aos dezesseis anos de idade, fui batizada.
Em meu primeiro ano de membro da Igreja percebi que ainda tinha muito que aprender
e melhorar. Havia deixado para trás os amigos e o estilo de vida que serviram
de escape para a violência de meu lar. Infelizmente, minha ala não parecia oferecer-me o consolo de novas amizades para preencher essa lacuna. Não me sentia aceita e estava prestes a voltar aos velhos hábitos quando um missionário me desafiou a permanecer fiel a meus convênios batismais. Relutante, assumi o compromisso novamente, mas sentia-me como se estivesse pendurada numa corda que deslizava por entre os dedos.
Pouco depois fui chamada como presidente da classe das Lauréis. Não me senti à altura do cargo, pois havia várias lauréis na ala muito mais qualificadas. Quando anunciaram meu novo chamado, uma das jovens da ala expressou insatisfação abertamente. “Como é que eles chamaram você?” disse ela. “Você mal frequenta a Igreja. Que conhecimento tem?” Ela tinha razão: eu não sabia de nada. Eu tinha certeza de que meu chamado levaria muitas lauréis à inatividade — começando por mim mesma. A situação como um todo parecia pesada demais para suportar. Se alguém estava no fim da linha, esse alguém era eu.
Quando me reuni com a consultora da classe, Marlene Evans, disse-lhe que alguém cometera um grande erro. Contudo, ela me garantiu que eu fora chamada por algum motivo. Começou a trabalhar incansavelmente comigo, e eu ia com regularidade à casa dela para aprender minhas responsabilidades. Com seu incentivo, acabei conseguindo dirigir uma reunião sem que as pernas tremessem demais.
Certa vez, a irmã Marlene deu-me um cartão que dizia: “Quando chegar ao fim da corda, dê um nó e segure firme”. Ela explicou que a corda representava a vida e que se não agirmos em retidão deixamos a vida escapar por entre os dedos. O nó representava a decisão de agarrar-nos ao evangelho e à segurança que ele proporciona. Essa lição não me saiu da mente no decorrer dos meses seguintes. Eu estava cursando o ensino médio e tinha aulas em tempo integral, além de fazer cursos por correspondência. Trabalhava à noite e aos sábados. Eu é que pagava as mensalidades, as taxas, os livros, as roupas, a hospedagem e a alimentação. Em muitas ocasiões senti que estava no fim da corda. Será que eu era uma jovem fora de série, por fazer tudo aquilo sozinha? Não, mas dei um nó e segurei firme.
Hoje, depois de terminar a faculdade, trabalho como assistente social. Casei-me
no templo e tenho quatro filhos. Eles passaram pelo templo e serviram como missionários. E servi em cargos de liderança na organização das Moças. Sempre que tenho a oportunidade, não deixo de transmitir aos jovens a mensagem da irmã Marlene. O carinho e a mensagem dela mudaram minha vida. Eu não teria as bênçãos abundantes que desfruto hoje se não tivesse aprendido a dar um nó e a segurar firme.